terça-feira, 15 de julho de 2014

PÓSTUMAS

Morri sem ter a vida que sonhei
Sem ter aquela que já desejei
Sem ter tocado a boca que não mais desejo
E muito tempo vivi carente desse beijo.
Não fui o vitorioso que eu desenhei
Nem nunca fui um cara que desdenhei
Sempre estive à frente do meu tempo
Talvez por isso a falta de reconhecimento...
Tudo que fiz foi fadado ao fracasso
Vinha mesmo antes de dar o passo
desmotivado motivei aos outros
Precisei mas estavam ocupados aqueles ombros...
Depreciado vivi em depressão
Sem que notassem ou terem noção
Pois vivem apressados nesse corre-corre
E sequer ligam pra quem vive ou morre...
Vivi uma vida inútil e sem perspectiva
Dando vida à morte que estava viva
Sendo contagiado pela triste sorte
Fui contemplado pela mesma morte. 
E agora eu me vejo rodeado de falsas carpideiras
E a chama se apagou nas horas derradeiras
E serei guardado em gaveta esculpida de chão
E nada levei, nem fracasso, dor, sequer paixão! 
Mas deixo aqui a dor momentânea
De uma separação instantânea
Pois essa falsa despedida
É o que tenta impor a vida. 
Osny Alves

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